Exercício da Motricidade no Modelismo
por Marina Pereira Gomes
| Por ser um hobby que engloba o lúdico e a acção, o modelismo, segundo a psicóloga Marina Pereira Gomes, deve ser praticado de forma saudável e criativa |  | |||||||||||||||
| A Psicóloga Marina diz que "o modelismo envolve a vivência corporal dos praticantes" | ||||||||||||||||
O modelismo, em todos os seus segmentos, engloba relações corporais e mentais muitas vezes não lembradas pelo praticante do hobby. O trabalho do modelista envolve, antes de tudo, ligações constantes entre mente e corpo. Essas relações cognitivas corporais e mentais são processos que influem no bom desempenho da coordenação motora. A psicomotricidade, que aborda esse processo em seu carácter mais intimo, evoluiu ao longo do tempo e se tomou mais preventiva do que correctiva dos processos neurológicos. A psicóloga Marina Pereira Gomes, de 50 anos, e especializada em terapia psicomotora e garante que a prática do modelismo é uma forma de estímulo para a actividade mental saudável. Em seu trabalho de diagnóstico psicomotor para crianças, Marina ressalta a importância do estímulo psicomotor infantil para o desenvolvimento da fase adulta. " A vivência de um indivíduo em relação à exploração corporal resulta, paulatinamente, numa percepção apurada da noção de espaço externo (físico) e interno (subjectivo)," diz a psicóloga. É aí que entra o modelismo, já que envolve a vivência corporal dos praticantes. Apesar dessa vivência ser diferente em cada modalidade do hobby, a intensidade de esforço físico está presente em cada uma delas. "0 indivíduo actualiza suas funções motoras através da experiência," sintetiza Marina. Segundo ela, a vantagem de se praticar um hobby como o modelismo é facilitar a integração entre noção de espaço, estruturação rítmica e, principalmente, coordenação motora. "Além disso, o modelismo representa uma forma de socialização do praticante, o que é importante para seu desenvolvimento pessoal", confere. A especialista afirma que a parte do cérebro mais importante para a realização harmônica do movimento é o cerebelo, justamente por ser o responsável pelo controle muscular humano. "Na prática do modelismo, assim como em qualquer outra actividade que envolve movimento, é preciso que o indivíduo obtenha o poder de requisitar o equilíbrio necessário para o desempenho preciso do movimento", completa. Particularidades Apesar de não ser possível detalhar particularidades que sejam unânimes entre modelistas de um mesmo segmento, e possível fazer algumas relações que os identificam em determinada área de preferência. Também e possível identificar modelistas que se encaixam perfeitamente no perfil da modalidade a que se dedica. Modelistas muito agitados podem canalizar suas habilidades em uma prática mais radical, como o automodelismo RC de competição. Já uma pessoa mais calma e atenta a detalhes pode optar pelo plastimodelismo para satisfazer necessidades de precisão estética conquistada com a habilidade motora. Uma característica relevante do plastimodelista é o recolhimento necessário no momento da confecção dos modelos. "0 plastimodelista é, geralmente, uma pessoa mais introvertida, que possui um mundo interior muito rico", afirma a psicóloga. Tudo vem da predisposição motora do modelista. Apesar de não haver possibilidades de generalizar o seu perfil, e possível afirmar que o plastimodelista tem uma tendência que o mobiliza na alienação do mundo exterior. Isso acontece na hora da concentração, quando habilidade e paciência são exigidos. "Mas esse estado psicológico de alienação é momentâneo e totalmente saudável," explica a psicóloga. Tensão Um modelista, principalmente o que é adepto às praticas mais radicais, vive em contacto directo com a tensão e a adrenalina. Provas que exigem calma e habilidade de movimento são as mais difíceis de se realizar, quando a tensão emocional está presente. " A tensão coloca o indivíduo num estado de alerta que é negativo e positivo ao mesmo tempo. Quando a tensão ocorre em excesso pode haver uma paralisação de resposta frente ao estímulo," explica Marina. Ainda segundo a psicóloga, o indivíduo quando exposto a momentos que geram tensão emocional, como até mesmo em um simples voo radio controlado, está atento a toda estimulação ambiental, com às percepções conjuntamente abertas. Para não haver o excesso de tensão emocional o modelista deve ser razoavelmente controlado. Distúrbios Os distúrbios psicológicos que impossibilitam uma pessoa de praticar o modelismo são de rara existência. O indivíduo hipotônico, que sofreu perda do tono (contracções musculares contínuas) tem dificuldades para realizar actividades práticas exigidas no dia-a-dia. Já com o hipertônico ocorre o oposto. Há um aumento das contracções musculares que bloqueiam a fluidez de movimentação. "Um modelista necessita da tonicidade adequada à movimentação precisa", diz Marina ao se referir as pessoas que exercem normalmente a prática. | ||||||||||||||||
| Pessoas com alterações neurológicas mais graves, como a Coréia, um distúrbio encefálico que provoca movimentos musculares desordenados e espontâneos, por exemplo, são incapazes de exercer actividades que exigem precisão motora. Doenças degenerativas em articulações também são um entrave para a prática do hobby. Além desses distúrbios, existe também uma intranquilidade motora que é característica da nova geração. " | Estímulo vem de criança A busca de um hobby está relacionada com as pessoas na fase adulta. Essa necessidade lúdica do adulto se difere em relação à criança, porque na infância a presença da diversão é frequente. No entanto a partir dos dez ou 11 anos, o crescimento psicomotor depende da vivência particular. Nessa fase o estímulo criativo infantil é muito importante. "O grande problema das crianças de hoje é o contacto com brinquedos prontos," aponta Marina. Antigamente, continua, existiam aquelas" massinhas" coloridas onde a criança podia criar qualquer tipo de forma, como mandava sua imaginação, compara. Exercícios criativos contribuem para uma formação mental saudável na fase adulta. Isso ocorre pela facilidade da criança em "fantasiar" sem os preconceitos e limites que reprimem a criatividade dos adultos. | |||||||||||||||
| A resposta a estímulos visuais, por exemplo, é muito mais rápida. Hoje, os jovens dão mais importância aos estímulos que são respondidos de forma instantânea, como videogames," comenta Marina. Em contrapartida, exercícios que exigem esforço físico mais acentuado são então desprezados. "Por isto, é importante o estímulo de práticas criadoras do indivíduo enquanto criança. Mas a capacidade motora não é desaprendida e sempre é hora de botar a mão na massa." incentiva Marina. | 
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| Retirado da revista Hot Staff nr. 02 | ||||||||||||||||
